O Paradoxo


Vivemos um momento em que a humanidade está e/ou foi convencida de que pode fazer, pode mudar o mundo. Isso pressupõe de que não há nada acima dela e que o mundo que está diante dela está a sua disposição para ser mudado, conquistado, melhorado ou até, destruído.
Essa percepção e crença se intensificou com a tecnologia, com as máquinas, com o domínio da química/bioquímica, eletricidade/eletrônica/magnetismo, metalurgia, mecânica, óptica, biologia, etc.
Os efeitos sobre o mundo material, sobre os seres vivos são possíveis e evidentes, mas não são reais, são aparentes, porque cabe reação!
Há uma ordem universal e Lei Única que governa tudo desde o micro ao macro. Ela pode ser seguida ou pode ser oposta ou ainda afrontada com violência.
Tudo ao que se chama “ciência” é exatamente essa revolta e rebeldia à Natureza, as leis naturais, as leis da vida, porque, sem dúvida, o inerte, o material, não é senão um suporte à vida, à consciência e à compreensão. Seria um contrassenso imaginar que somos o resultado casual, inconsciente da ação da matéria e de forças físicas se originando delas e chegando eventualmente à vida. E exatamente aí está o ponto. Se nada faz sentido, não há ordem e tudo pode ser levado a uma transformação que se deseja ignorando e desprezando a vida, pois ela é um mero resultado casual de forças inconscientes sobre a matéria. Se o universo está em “evolução”, assim como a vida, é imperfeito e pode ser manipulado “legalmente” por motivos utilitários e de “sobrevivência”, para “o bem e a segurança da sociedade”, do povo, governo, estado, ou qualquer dessas entidades fictícias.
Não interessa a esses homens o que deveria ser, mas o que querem, o que sonham que deva ser. Desde que tudo é acidental casual, mecânico, vale ser mudado! Não há limites ou respeito a nada.
Mesmo que o exterior aceite mais essa ação violenta, o interior, o vivo, na sua manifestação psíquica e biológica tem algo a dizer – suas respostas se manifestam certamente de maneira perturbadora e sempre alterando os projetos mirabolantes dos sonhadores e conquistadores do universo.
Não é notado, não se aceita que os desastres, as doenças, revoltas, sejam as consequências da afronta as leis cósmicas e naturais, que se fossem conhecidas e seguidas, tudo iria melhor.
O paradoxo está na ação caótica e orgulhosa do homem sobre tudo, sem nenhum respeito pelo mundo ou por si mesmo. O Homem vê o mundo como um parque de diversões onde pode se divertir irresponsavelmente ou que tudo pode ser conquistado e mudado porque como está não está bem e que tudo precisa ser reformado pelo bem próprio ou para algo imaginário, seja uma ideia ou um povo.
A ideia que dá suporte a essa atitude geral sobre tudo e todos está em como é visto o mundo: como produto casual, mecânico e inconsciente da matéria e que não é visto como uma criação da vida consciente e inteligente, de um imenso e perfeito projeto onde há uma Lei Única a ser seguida.

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